(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o
texto para responder à questão.
Outro dia, meu pai veio me visitar e trouxe uma caixa de
caquis, lá de Sorocaba. Eu os lavei, botei numa tigela na varanda
e comemos um por um, num silêncio reverencial, nos olhando de
vez em quando. Enquanto comia, eu pensava: Deus do céu, como
caqui é bom! Caqui é maravilhoso! O que tenho feito eu desta
curta vida, tão afastado dos caquis?!
Meus amigos e amigas e parentes queridos são como os
caquis: nunca os encontro. Quando os encontro, relembro como
é prazeroso vê-los, mas depois que vão embora me esqueço da
revelação. Por que não os vejo sempre, toda semana, todos os dias
desta curta vida?
Já sei: devem ficar escondidos de mim, guardados numa caixa,
lá em Sorocaba.
(Antônio Prata, Apolpando. Folha de S.Paulo, 29.05.2013)
Considerando o contexto, assinale a alternativa em que há
termos empregados em sentido figurado. Outro dia, meu pai veio me visitar… (1.º parágrafo) … e trouxe uma caixa de caquis, lá de Sorocaba. (1.º
parágrafo) … devem ficar escondidos de mim, guardados numa
caixa… (último parágrafo) Enquanto comia, eu pensava… (1.º parágrafo) … botei numa tigela na varanda e comemos um por um…
(1.º parágrafo). (CREFITO/SP – ANALISTA FINANCEIRO –
VUNESP/2012 - ADAPTADA) Para responder à questão,
considere o trecho a seguir.
Uma lei que, por todo esse empenho do governo estadual,
“pegou”. E justamente no Rio, dos tantos jeitinhos e esquemas e
da vista grossa.
No contexto em que está empregada, a expressão “pegou”
assume um sentido que também está presente em: Já não há dúvidas de que essa moda pegou. O carro a álcool não pegou por causa do frio. O trem pegou o ônibus no cruzamento. Ele, sem emprego, pegou o serviço temporário. Ele correu atrás do ladrão e o pegou. (TRF – 4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010)
Constitui exemplo de uso de linguagem figurada o elemento
sublinhado na frase:
I. Foi acusado de ser o cabeça do movimento.
II. Ele emprega sempre a palavra literalmente atribuindo-lhe
um sentido inteiramente inadequado.
III. Ignoro o porquê de você se aborrecer comigo.
IV. Seus pensamentos são fantasmagorias que não o deixam
em paz.
Atende ao enunciado APENAS o que está em I e II. I e IV. II e III. III e IV. I e III. (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – 2013).
Leia o texto a seguir.
Na FLIP, como na Copa
RIO DE JANEIRO – Durante entrevista na Festa Literária
Internacional de Paraty deste ano, o cantor Gilberto Gil criticou
as arquibancadas dos estádios brasileiros em jogos da Copa das
Confederações.
Poderia ter dito o mesmo sobre a plateia da Tenda dos Autores,
para a qual ele e mais de 40 outros se apresentaram. A audiência
do evento literário lembra muito a dos eventos Fifa: classe média
alta.
Na Flip, como nas Copas por aqui, pobre só aparece “como
prestador de serviço”, para citar uma participante de um protesto
em Paraty, anteontem.
Como lembrou outro dos convidados da festa literária, o
mexicano Juan Pablo Villalobos, esse cenário é “um espelho do
que é o Brasil”.
(Marco Aurélio Canônico, Na Flip, como na Copa. Folha de
S.Paulo, 08.07.2013. Adaptado)
O termo espelho está empregado em sentido figurado, significando qualidade. próprio, significando modelo. figurado, significando advertência. próprio, significando símbolo. figurado, significando reflexo. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
2013). Leia o texto a seguir.
Violência epidêmica
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora
possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes sociais,
é nos bairros pobres que ela adquire características epidêmicas.
A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades
de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes centros
urbanos e se dissemina pelo interior.
As estratégias que as sociedades adotam para combater a
violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito
pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços
ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras
enfermidades.
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas
que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de
seus desejos.
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que
tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao
desenvolvimento psicológico pleno.
A revisão de estudos científicos permite identificar três fatores
principais na formação das personalidades com maior inclinação
ao comportamento violento:
1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
limites de disciplina.
3) Associação com grupos de jovens portadores de
comportamento antissocial.
Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à
falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social,
esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a
violência crescente nas cidades.
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a resposta
do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o criminoso
fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver preso. Ao
sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares e sociais e
dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao mesmo tempo,
na prisão, terá criado novas amizades e conexões mais sólidas
com o mundo do crime.
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão
superlotadas.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo.
Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os
policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que
acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e
construir cadeias novas para substituir as velhas.
Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão
capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los na
sociedade por meio da educação formal de bom nível, das práticas
esportivas e da oportunidade de desenvolvimento artístico.
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado)
Assinale a alternativa em cuja frase foi empregada palavra ou
expressão com sentido figurado. Tendências agressivas surgem em indivíduos com
dificuldades adaptativas ...(4.º parágrafo) A revisão de estudos científicos permite identificar três
fatores principais na formação das personalidades com maior
inclinação ao comportamento violento... (6.º parágrafo) As estratégias que as sociedades adotam para combater a
violência variam... (3.º parágrafo) ...esses fatores de risco criam o caldo de cultura que
alimenta a violência crescente nas cidades. (10.º parágrafo) Os mais vulneráveis são os que tiveram a personalidade
formada num ambiente desfavorável ao desenvolvimento
psicológico pleno. (5.º parágrafo). O item em que o termo sublinhado está empregado no
sentido denotativo é: “Além dos ganhos econômicos, a nova realidade rendeu
frutos políticos.” “...com percentuais capazes de causar inveja ao presidente.” “Os genéricos estão abrindo as portas do mercado...” “...a indústria disparou gordos investimentos.” “Colheu uma revelação surpreendente:...”. (Analista em C&T Júnior – Administração – VUNESP –
2013). Leia o texto a seguir.
O humor deve visar à crítica, não à graça, ensinou Chico
Anysio, o humorista popular. E disse isso quando lhe solicitaram
considerar o estado atual do riso brasileiro. Nos últimos anos de
vida, o escritor contribuía para o cômico apenas em sua porção
de ator, impedido pela televisão brasileira de produzir textos. E
o que ele dizia sobre a risada ajuda a entender a acomodação
de muitos humoristas contemporâneos. Porque, quando eles
humilham aqueles julgados inferiores, os pobres, os analfabetos,
os negros, os nordestinos, todos os oprimidos que parece fácil
espezinhar, não funcionam bem como humoristas. O humor deve
ser o oposto disto, uma restauração do que é justo, para a qual
desancar aqueles em condições piores do que as suas não vale.
Rimos, isso sim, do superior, do arrogante, daquele que rouba
nosso lugar social.
O curioso é perceber como o Brasil de muito tempo atrás sabia
disso, e o ensinava por meio de uma imprensa ocupada em ferir
a brutal desigualdade entre os seres e as classes. Ao percorrer
o extenso volume da História da Caricatura Brasileira (Gala
Edições), compreendemos que tal humor primitivo não praticava
um rosário de ofensas pessoais. Naqueles dias, humor parecia ser
apenas, e necessariamente, a virulência em relação aos modos
opressivos do poder.
A amplitude dessa obra é inédita. Saem da obscuridade os
nomes que sucederam ao mais aclamado dos artistas a produzir
arte naquele Brasil, Angelo Agostini. Corcundas magros,
corcundas gordos, corcovas com cabeça de burro, todos esses seres
compostos em aspecto polimórfico, com expressivo valor gráfico,
eram os responsáveis por ilustrar a subserviência a estender-se pela
Corte Imperial. Contra a escravidão, o comodismo dos bem--postos e
dos covardes imperialistas, esses artistas operavam seu espírito crítico
em jornais de todos os cantos do País.
(Carta Capital.13.02.2013. Adaptado)
Na frase –… compreendemos que tal humor primitivo não
praticava um rosário de ofensas pessoais. –, observa-se emprego de
expressão com sentido figurado, o que ocorre também em: O livro sobre a história da caricatura estabelece marcos
inaugurais em relação a essa arte. O trabalho do caricaturista pareceu tão importante a seus
contemporâneos que recebeu o nome de “nova invenção artística.” Manoel de Araújo Porto-Alegre foi o primeiro profissional
dessa arte e o primeiro a produzir caricaturas no Brasil. O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de todos e atacava
esta ou aquela personagem da Corte. O livro sobre a arte caricatural respeita cronologicamente os
acontecimentos da história brasileira, suas temáticas políticas e sociais. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas –
VUNESP – 2013). Leia o texto a seguir.
Tomadas e oboés
“O do meio, com heliponto, tá vendo?”, diz o taxista, apontando
o enorme prédio espelhado, do outro lado da marginal: “A parte
elétrica, inteirinha, meu cunhado que fez”. Ficamos admirando o
edifício parcialmente iluminado ao cair da tarde e penso menos no
tamanho da empreitada do que em nossa variegada humanidade: uns
se dedicam à escrita, outros a instalações elétricas, lembro- -me
do meu tio Augusto, que vive de tocar oboé. “Fio, disjuntor, tomada,
tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que chega a contaminarme.
Pergunto quantas tomadas ele acha que tem, no prédio todo. Há
quem ria desse tipo de indagação. Meu taxista, não. É um homem
sério, eu também, fazemos as contas: uns dez escritórios por andar,
cada um com umas seis salas, vezes 30 andares. “Cada sala tem o
quê? Duas tomadas?”
“Cê tá louco! Muito mais! Hoje em dia, com computador, essas
coisas? Depois eu pergunto pro meu cunhado, mas pode botar aí pra
uma média de seis tomadas/sala.”
Ok: 10 x 6 x 6 x 30 = 10.800. Dez mil e oitocentas tomadas!
Há 30, 40 anos, uma hora dessas, a maior parte das tomadas
já estaria dormindo o sono dos justos, mas a julgar pelo número de
janelas acesas, enquanto volto para casa, lentamente, pela marginal,
centenas de trabalhadores suam a camisa, ali no prédio: criam
logotipos, calculam custos para o escoamento da soja, negociam
minério de ferro. Talvez até, quem sabe, deitado num sofá, um homem
escute em seu iPod as notas de um oboé.
Alegra-me pensar nesse sujeito de olhos fechados, ouvindo música.
Bom saber que, na correria geral, em meio a tantos profissionais que
acreditam estar diretamente envolvidos no movimento de rotação da
Terra, esse aí reservou-se cinco minutos de contemplação.
Está tarde, contudo. Algo não fecha: por que segue no
escritório, esse homem? Por que não voltou para a mulher e
os filhos, não foi para o chope ou o cinema? O homem no sofá,
entendo agora, está ainda mais afundado do que os outros. O
momento oboé era apenas uma pausa para repor as energias, logo
mais voltará à sua mesa e a seus logotipos, à soja ou ao minério
de ferro.
“Onze mil, cento e cinquenta”, diz o taxista, me mostrando o
celular. Não entendo. “É o SMS do meu cunhado: 11.150 tomadas.”
Olho o prédio mais uma vez, admirado com a instalação
elétrica e nossa heteróclita humanidade, enquanto seguimos, feito
cágados, pela marginal.
(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 06.03.2013. Adaptado)
No trecho do sexto parágrafo – Bom saber que, na correria
geral, em meio a tantos profissionais que acreditam estar
diretamente envolvidos no movimento de rotação da Terra, esse
aí reservou-se cinco minutos de contemplação. –, o segmento em
destaque expressa, de modo figurado, um sentido equivalente ao da
expressão: profissionais que acreditam ser incompreendidos, que são obrigados a trabalhar além do
expediente. desvalorizados, que não são devidamente reconhecidos. indispensáveis, que consideram realizar um trabalho de
grande importância metódicos, que gerenciam com rigidez a vida corporativa. flexíveis, que sabem valorizar os momentos de ócio.
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